
Fibra alimentar de alta performance.
O termo fibra alimentar descreve constituintes vegetais que não são degradados pelas enzimas dos animal não-ruminantes e, portanto, passam pelo intestino delgado. Pode-se afirmar que a fibra está sendo “redescoberta” na nutrição de animais não ruminantes pelos seus múltiplos benefícios. Em uma perspectiva de eficiência econômica, sustentabilidade e saúde, o manejo da fibra na alimentação de suínos e aves constitui um novo desafio e, ao mesmo tempo, uma oportunidade para aproveitar os seus benefícios.
As diferentes fontes de fibra influenciam aspectos chave da digestão, como por exemplo, o tempo de retenção dos alimentos no trato gastrointestinal. Este está condicionado, principalmente, a velocidade e frequência do esvaziamento gástrico e a eficiência das contrações peristálticas do intestino. Tradicionalmente, considera-se que a inclusão de fibra não digerível na dieta, aumenta a velocidade do trânsito. No entanto, alguns estudos não demonstram diferenças na velocidade do trânsito ou demonstram até reduções na velocidade do trânsito a nível de intestino grosso ao incluir fibra não digerível, o que sugere que estes efeitos podem depender do tipo de fibra, do seu nível de inclusão ou ainda de outros fatores.
O conceito que a fibra é essencial para a saúde intestinal, motilidade e bem-estar animal é cada vez mais aceito nos dias de hoje. Sendo assim, há dois aspectos sobre as fibras que precisam ser observados e devem ser acompanhados de perto, são eles a solubilidade e a fermentação. As fibras denominadas de “solúveis”, são aquelas que formam gel e portanto aumentam a viscosidade do bolo alimentar, como as gomas e pectinas, as quais promovem aumento do esvaziamento gástrico, bem como do tempo de passagem da digesta.
Como exemplos de fibras solúveis podemos citar a polpa cítrica, a polpa de beterraba, a casca de soja e o farelo de trigo. Elas são parcialmente fermentáveis no intestino delgado e portanto aumentam o risco de patógenos. Já as fibras “insolúveis”, como lignina, celulose e hemiceloluse, que são em sua maior parte inertes, não são solúveis em água. Essas por sua vez, diminuem o tempo de passagem da digesta, diminuem a viscosidade da mesma e aumentam os movimentos peristálticos do intestino. Esse tipo de fibra pode ser inerte ou de baixa fermentação.
As fibras inertes não interferem na temperatura dos animais, pois tem baixo incremento calórico (energia perdida na forma de calor durante o processo de digestão e metabolismo). Além disso, possuem como característica, a alta capacidade de expansão através da absorção de água, resultando na saciedade dos animais e risco praticamente nulo de contaminação por micotoxinas.
as fibras ditas inertes, a mais importante da atualidade é a lignocelulose, que é um concentrado de fibra bruta produzida a partir de diferentes partes de madeira fresca e descascada, as quais são transformadas através de um complexo processo industrial, em uma fibra funcional e que possui 100% de fibra insolúvel de alta qualidade e uma mistura de fibras fermentáveis e não fermentáveis.
Estas fibras altamente concentradas, tem uma capacidade de ligação à água de até 800% e podem ajudar a cumprir a recomendação da fibra para animais não ruminantes. Isso resulta em 20% mais de consumo de água, devido ao fato de que a água ligada à lignocelulose está disponível no intestino grosso quando exposta à pressão osmótica (atua como uma esponja) e pode contribuir para uma melhor capacidade de absorção de água pelo animal.
Dessa forma o termo lignocelulose é o nome dado a um conjunto de macromoléculas orgânicas complexas constituídas muitas vezes de pectinas, ligninas, hemiceloluse e celuloses, as quais podem estar ligadas ou não entre si. Portanto, ela não pode ser definida como uma substância química única, mas sim uma classe de materiais correlatos, pois apresentam estruturas altamente complexas e de composição variável.